MONÓLOGO
Mergulharei ainda mais fundo, acreditem !
As profundezas não me causarão pânico.
Romperei lajes de culturas submersas,
investigarei minuciosamente minhas imagens antepassadas,
as suas fontes geradoras, o meu sentido nesses momentos históricos.
Dentro de pouco tempo, avistarei debaixo do denso lixo cultural,
aquilo que seria a minha inata realidade existencial.
Garanta convicta a mim mesma
levar a cabo a tarefa de conhecer-me.
Os tipos que tenho feito até aqui, admito,
refletem muito precariamente o que sou.
Imagino de quanto sofrimento pouparei a mim e a ele
ao conseguir apresentar-me nua ao mundo !..
Como diferirá esta nudez da exibida pelas capas de revistas !...
A minha nudez abalará as certezas de um mundo
miseravelmente necessitado de autenticidade.
Poucos serão nesta hora solene
os que, corajosos, me fitarão,
sensibilizados com o meu renascimento.
Deixarei de significar o grande trunfo do “marketing” .
Estarei realizadamente fora de moda, desprestigiada.
O paraíso talvez não seja dos resignados, dos passivos...
Levei muito tempo para entender e aceitar isso.
Inculpar-me por negar valores escravizantes
verão, os arquitetos beneficiários da minha adulteração,
está ausente de todas as minha cogitações.
Investirei nesta atitude sem revanchismos ou competições.
Reivindicarei com energia, em contrapartida
a inalienável gerência e produção de todo o meu viver.
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