sexta-feira, 30 de outubro de 2009

MONÓLOGO

Mergulharei ainda mais fundo, acreditem !

As profundezas não me causarão pânico.

Romperei lajes de culturas submersas,

investigarei minuciosamente minhas imagens antepassadas,

as suas fontes geradoras, o meu sentido nesses momentos históricos.

Dentro de pouco tempo, avistarei debaixo do denso lixo cultural,

aquilo que seria a minha inata realidade existencial.

Garanta convicta a mim mesma

levar a cabo a tarefa de conhecer-me.

Os tipos que tenho feito até aqui, admito,

refletem muito precariamente o que sou.

Imagino de quanto sofrimento pouparei a mim e a ele

ao conseguir apresentar-me nua ao mundo !..

Como diferirá esta nudez da exibida pelas capas de revistas !...

A minha nudez abalará as certezas de um mundo

miseravelmente necessitado de autenticidade.

Poucos serão nesta hora solene

os que, corajosos, me fitarão,

sensibilizados com o meu renascimento.

Deixarei de significar o grande trunfo do “marketing” .

Estarei realizadamente fora de moda, desprestigiada.

O paraíso talvez não seja dos resignados, dos passivos...

Levei muito tempo para entender e aceitar isso.

Inculpar-me por negar valores escravizantes

verão, os arquitetos beneficiários da minha adulteração,

está ausente de todas as minha cogitações.

Investirei nesta atitude sem revanchismos ou competições.

Reivindicarei com energia, em contrapartida

a inalienável gerência e produção de todo o meu viver.

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