sexta-feira, 30 de outubro de 2009

DO QUE EU TENHO PARA LHE DIZER, MULHER

Meu modo de lidar com você, reconheço,

ainda é insatisfatório, comprometido.

Resquícios de condicionamentos, talvez repressões,

induzem, sorrateiramente, este controvertido homem,

a comportar-se de acordo com certos padrões.

Careço, de algum tempo, por ilustração,

remeter aos seus ouvidos reais,

inconfessadas impressões minhas a seu respeito.

Simples coisas tal como dizer:

tenho pelo que agora intuo em você

incondicional admiração e proclamo:

nenhum dos inúmeros papéis que lhe destinam

alcança suplantar a sua ocultada natureza.

Confunde-me, porém, no expressar e viver estas convicções,

a múltipla experiência que provei com você:

mãe, babá, irmã, professora, namorada, modelo, política...Enfim,

passeiam por mim tantas e tão diferentes você...

O meu senso crítico, perante tal volume de informações

se desorienta, é claro, e paralisado se omite,

deixando-me a contatar planos e caricaturas suas

em lugar de abordá-la objetiva, inteira, essencial.

Olhá-la sem mistérios, sem legendas, sem obrigações...

leva o tempo de eu temer não chegar a vê-la assim.

Iconoclasta acuado por este desafiador impasse,

vejo no autoconhecimento a senda mais breve para você.

E, nesse sentido, confio na sua aptidão no entender os humanos.

Indenizá-la por sua solidão eu prometo na minha chegada.

Reencontrá-la ligeiro, portanto, ao reencontrar-me, saiba,

alguma coisa é que almejo e em que me empenho no presente.

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