Meu modo de lidar com você, reconheço,
ainda é insatisfatório, comprometido.
Resquícios de condicionamentos, talvez repressões,
induzem, sorrateiramente, este controvertido homem,
a comportar-se de acordo com certos padrões.
Careço, de algum tempo, por ilustração,
remeter aos seus ouvidos reais,
inconfessadas impressões minhas a seu respeito.
Simples coisas tal como dizer:
tenho pelo que agora intuo em você
incondicional admiração e proclamo:
nenhum dos inúmeros papéis que lhe destinam
alcança suplantar a sua ocultada natureza.
Confunde-me, porém, no expressar e viver estas convicções,
a múltipla experiência que provei com você:
mãe, babá, irmã, professora, namorada, modelo, política...Enfim,
passeiam por mim tantas e tão diferentes você...
O meu senso crítico, perante tal volume de informações
se desorienta, é claro, e paralisado se omite,
deixando-me a contatar planos e caricaturas suas
em lugar de abordá-la objetiva, inteira, essencial.
Olhá-la sem mistérios, sem legendas, sem obrigações...
leva o tempo de eu temer não chegar a vê-la assim.
Iconoclasta acuado por este desafiador impasse,
vejo no autoconhecimento a senda mais breve para você.
E, nesse sentido, confio na sua aptidão no entender os humanos.
Indenizá-la por sua solidão eu prometo na minha chegada.
Reencontrá-la ligeiro, portanto, ao reencontrar-me, saiba,
alguma coisa é que almejo e em que me empenho no presente.
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