Eu que sempre me julguei
homem com a vida associado,
boquiaberto, agora, me descubro,
homem ao seu berço atado.
reagindo, hoje, pedirei,
na figura do terno sabiá
que em mim por inteiro se cale
este mudo eu me quer sufocar.
Possuído, então pelo silêncio,
deixarei penetrar-me o interior,
a alma acolhedora desta terra
para senti-la em seu todo esplendor.
Meu coração, assim, liberto,
muito surpreso e presto,
também amores e primores
por aqui achará decerto,
escapando, ileso, ao nocivo incesto.
Enquanto eu, ainda em vida,
conhecido de fato terei
dos mundos e seres a nata,
lhes fazendo a justiça que neguei.
E, apossado de minha real identidade,
moderado no ofuscante narcisismo,
conviverei com todos os povos,
em grau de permanente igualdade,
sem preconceitos, dependências ou egoísmo.
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