*SIMPLESMENTE SE A GENTE PERMITISSE
-Se a gente permitisse,
a partir desse instante,
que minha mão e a sua
se apertassem fraternalmente,
nossos corações distantes,
teriam a necessária chance
de se conhecerem melhor.
-Aí, quem sabe,
entre mim e você
tudo mudaria
e, ainda em tempo,
a gente se descobriria.
-E pelo mundo afora
um frente ao outro
a gente se deixaria estar,
fosse num banco de jardim,
num leito de motel,
na mesa de um bar...
-É provável que aí,
nossas cabeças curtidas
em nós descobrissem
aquelas bocas perdidas
por onde um dia falamos,
todas as linguagens esquecidas.
-E a gente, então, alegre passaria,
A falar, ouvir, agir e entender
da perspectiva de uma outra dimensão,
desprezando o postiço discurso
de nossas cabeças civilizadas.
-Maravilhas dessa natureza
Estariam a nos acontecer
se a gente, simplesmente, permitisse
que, a partir desse instante,
Minha mão e a sua,
se apertassem fraternalmente.
-Simplesmente se a gente permitisse.
- N.A. Poema originalmente publicado no livro
- “Estágios de Crescimento” / Celso Lima Velame ,Editora Contrmp - 1985
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